Reajuste no ICMS impacta diretamente o bolso do consumidor; diesel tem impacto maior devido à dependência do transporte rodoviário
A partir deste sábado (1º), consumidores de todo o Brasil vão sentir no bolso o aumento nos preços da gasolina e do diesel. A elevação ocorre devido a mudanças no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), aprovadas em reunião do CONFAZ (Conselho Nacional de Política Fazendária) em outubro de 2024 e que entram em vigor três meses após sua publicação.
O impacto será de 10 centavos no litro da gasolina e 6 centavos no litro do diesel, com o ICMS sobre a gasolina subindo de R$ 1,37 para R$ 1,47, enquanto o do diesel passa de R$ 1,06 para R$ 1,12.
De acordo com Alfredo Pinheiro, presidente do Sindicombustíveis de Pernambuco, a variação nos preços será percebida pelos consumidores finais, embora o reajuste dependa da concorrência entre postos. "Se esse preço vai para a bomba, quem regula é a competição entre os postos", explicou em entrevista ao Programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal.
O diesel, no entanto, representa um impacto ainda maior na economia. "Cerca de 70% de tudo que se trafega no Brasil é transportado por rodovias, o que torna o diesel essencial para o nosso transporte e logística", ressaltou o sindicalista.
Além da elevação do ICMS, os preços dos combustíveis no Brasil também são influenciados por fatores internacionais, como a cotação do dólar e o preço do barril de petróleo. Isso é especialmente relevante no Norte e Nordeste, onde a maioria dos combustíveis é importada. "Subir o dólar, aumenta o preço. Subir o barril, aumenta o preço. Subir os dois, aumenta o dobrado", destacou Alfredo Pinheiro.
O sindicalista também apontou para os "aumentos invisíveis" que ocorrem devido à variação diária do custo do barril e das margens de lucro das distribuidoras. "As distribuidoras sempre colocam uma 'gordurinha' a mais, e quem acaba pagando a conta são os postos e, consequentemente, os consumidores", explicou.
O preço do álcool também subiu recentemente, com um aumento de 50 centavos no litro do etanol hidratado, que é vendido nas bombas. No entanto, Alfredo Pinheiro observou que esse reajuste tem recebido menos atenção, já que muitos consumidores associam as altas apenas às decisões da Petrobras.
No Nordeste, onde a dependência de importações é maior, a situação é agravada pela falta de dutos próximos às refinarias. "A região recebe apenas 30% dos combustíveis da Petrobras e 70% dos importadores", destacou o sindicalista, apontando a complexidade do cenário logístico local.